terça-feira, 29 de janeiro de 2008

Brasileiro é racista!


Isso se passou com uma pessoa muito próxima a mim. Ela é francesa e mora no Brasil há anos. Talvez vocês que moram na Europa, principalmente na França e Alemanha, já tenham percebido a vontade que os nativos daí tem de entrar numa discussão, provocar um bate-boca, trocar idéias num ritmo alucinado. Nossa, como eles gostam de mostrar o que pensam! Vivi isso até com minha esposa, que é alemã. Bem, o caso é que esta francesa adora fazer isso... mas aqui no Brasil. Brasileiro odeia entrar em discussão, busca sempre colocar “panos-quentes”, é polido, não fala sua própria opinião por medo de ofender... Bem, culturas diferentes.

A minha amiga discute tudo: política, moda, jeito de viver, conhecimento, filosofia, banalidades. Bennn... non concordo... E daí vem! Resultado: ela vem e as pessoas falam: xi! Sai fora que a gringa “crica” ta chegando. A ponto dela dizer: brrrasilerrro é tudo raccisssta!!! Non gosta de estrrrangeirrro!

E você que vive aí fora? Já teve alguma experiência de se ver confrontado por um gringo, que sempre quer mostrar o que pensa? Sentiu-se ofendido? Conte a sua história também! Eu, particularmente, demorei muito para entender que este jeito “europeu” de ser não era para mostrar que eu estava errado, uma provocação, mas somente uma coisa cultural. E você? Qual é a sua experiência?

nokomando-desenvolvimento pessoal


Um blog bem bacana de e para dekasseguis


Olá, pessoal! Nas minhas navegações interneteiras por aí, acabei descobrindo um blog de uma brasileira que morou no Japão, é jornalista e coloca bastante matérias legais. O link sobre "japoneses preferem bonecas" é o máximo! Primeiro, achei que era sobre travestis. Depois, pensei que era sobre brinquedo. Vale a pena conferir. Japonês é tudo doido! Acessem o blog!

domingo, 27 de janeiro de 2008

Minha vida no Japão, em livro grátis!


É verdade! Escrevi o livro Dekassegui: ida e volta de um imigrante brasileiro ao Japão, e estou disponibilizando ele para baixar, gratuitamente! Como foi, os "causos" e a volta... e um pouquinho dos 13 anos depois... Será que vale a pena sair do Brasil? Será que vale a pena voltar? Baixe ele, e depois opine! Abraços.

Clique aqui para acessar a área de download.

sexta-feira, 25 de janeiro de 2008

A motivação do imigrante


É lógico que você vê o sair do país como solução, seja para os problemas econômicos, seja pra busca de aventura, ou quem sabe um novo relacionamento. Sempre é melhor fazer algo, que não fazer. E as pessoas que têm coragem de sair do próprio país, abandonando sua cultura, hábitos, família, amigos, e se aventurando em algo totalmente novo, merecem a minha admiração e apoio.
A questão que eu quero explicar não é tão complicada: o que é que faz alguém sair da sua zona de conforto, a segurança do lugar conhecido e se aventurar no estranho? De maneira geral, é fugindo da dor ou em busca da satisfação, do prazer. As vezes, os dois elementos estão juntos. Como a mente humana opta somente por uma direção, uma razão, um objetivo, é muito importante para você, imigrante, ou futuro imigrante, saber se você está fugindo dos problemas (financeiros, familiares, de relacionamento, de auto-estima) ou está buscando oportunidades para o sucesso.
Isto é o que irá definir o seu futuro, tanto num país estrangeiro, como na volta ao Brasil. Veja bem: fugir das dívidas não quer dizer buscar riquezas. Fugir da não aceitação, seja da família ou de parceiros, não quer dizer bons relacionamentos. Embora seja um elemento motivador, a dor e o desespero diante de uma situação, em algum momento deverá ser trocado pela motivação que também trás alegria, prazer e realização. Esta motivação significa querer o máximo de prazer, de grana, de conforto, de amizades, de amor... Caso contrário, você até poderá encontrar um bom parceiro, mas não se realizará emocionalmente porque, simplesmente, não está buscando isto. Se você não busca uma flor num supermercado, nem irá notar a seção das plantas, não é mesmo? A mesma coisa serve para quem busca fugir das dívidas e da falta de dinheiro. Estará sempre achando que não tem dinheiro, porque não está buscando a riqueza, mas sim, estar longe do fracasso. Uma coisa não tem nada a ver com outra. A pessoa que olha o fracasso, fica cega diante de oportunidades, e inclusive rejeita-as, porque elas não fazem parte da sua busca. Para estar longe do fracasso, você deve ter o fracasso bem claro, próximo de você, para que você então se coloque numa distância segura. É como buscar não ser mordido por cães bravos. A toda hora que você ver um cachorro, você estará vendo o momento que ele poderá parecer que irá atacá-lo, na sua imaginação. Enquanto isso, o seu amigo que ofereceu uma sociedade num canil de cães de raça, é esquecido. Oportunidade? Não!
Amigo, amiga imigrante. Pode ser que você tenha escolhido sair do país porque alguma coisa no Brasil não estava dando certo. Nada de errado com isso. A coisa é: não persista com o foco naquilo que não está dando certo. Queira o melhor pra você! Se ganha mais que no Brasil, não importa! Ganhe 10, 100 vezes mais! Olhe o padrão do lugar onde você vive, ou irá viver. E multiplique isto por 100! Não se compare por baixo. Olhe os que estão acima, veja o que eles fizeram para alcançar tal patamar, invista em você e vá atrás! Você pode! Você merece!
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terça-feira, 22 de janeiro de 2008

Pra mostrar que no Brasil não tem só cobra!!!

Se você passa o sufoco que eu passei, aí no estrangeiro, pra explicar pra gringo que o Brasil é mais que cobra, bunda e índio, mostra pra eles este videozinho legal!

Confusão num mercado japonês!


Não tinha nada pra fazer, resolvi dar uma volta. A F. Tech. era perto, e pelo barulho das máquinas, havia serviço. De longe, observei que o terreno ocupado pela fábrica era grande, portanto, deveria haver muitos funcionários. Todos os que entravam ou saíam vestiam o indefectível uniforme branco e boné azul. Continuei. Na rua, não havia ninguém, e mesmo os carros eram escassos. No caminho até o super-mercado, eu tinha a impressão de que todos os motoristas que passavam ficavam me observando, como se eu carregasse uma placa escrita - estrangeiro. Ingressei numa rua larga, arborizada, e dei de cara com a porta. O comércio costuma abrir após as dez da manhã. O supa (super-mercado) chamava-se Well-Mart, uma rede espalhada por várias cidades da região. No inglês nipônico, lê-se mais ou menos assim: uéro-máato.
Voltei mais tarde, e com a experiência de um mês em Okinawa, fui desbravando as prateleiras misteriosas, cheias de armadilhas e surpresas. O café solúvel Nescafé foi fácil identificar. Já o açúcar do sal, embalagem quase idêntica, estava difícil: comprei uma de cada. Macarrão, massa de tomate, cebola, alho, pouco a pouco fui pegando o jeito da coisa. Até achei uma preciosidade: abobrinha, grande e bonita. Preparei meu cardápio: arroz, abobrinha refogada, carne - vendida em fatias como se fosse presunto - e uma fruta de sobremesa. Qual não foi minha surpresa quando, após a primeira facada na "abobrinha", ela começou a minar água. Será uma melão? Observei com maior atenção e descobri que a danada não passava de um pepino, sem graça, sem gosto. Cardápio alterado: salada de pepino no lugar da abobrinha.
Esta foi uma das primeiras "abobrinhas" que cometi. Principalmente por não entender o que está escrito nas embalagens, muitas vezes compramos gato por lebre. Certa época, fui comprar uma capa de chuva, dessas que motoqueiros usam - acabei adquirindo a parte de baixo, a calça. A parte de cima era vendida separadamente...


Alex no Japão


segunda-feira, 21 de janeiro de 2008

Adaptação num país estrangeiro


O processo de adaptação num país estrangeiro pode ser fácil ou difícil, e quem escolhe somos... adivinhe quem? É, nós mesmos... Como eu posso dizer isso? Será que não existe país mais difícil que outro, povos com hábitos muito diferentes e complicados?
Para responder isso, vou dar uma rápida explicação de como funciona a mente. Quando você nasceu, sua mente veio zerada, e a única coisa instalada era o sistema operacional. Você chorava porque tinha fome, olhava, ouvia, pegava, lambia, e não entendia nada. Seus órgãos internos funcionam sem você precisar pensar nisso. É igual um computador: funciona, mas sem software, nada feito!
E aí, o que acontece? A primeira coisa é a mamãe e o papai falando: Ricardinho, que bonitinho! E você percebe, depois de algum tempo, que esse tal de Ricardinho é você! E aí começam a instalar os programas na sua mente. A língua que você fala é um programa. Como você come, se veste, se relaciona, é outro. O que é amizade, relacionamento, harmonia, tudo são programas. E cada cultura tem seus programas diferentes. Não existe cultura certa e cultura errada: todas elas, simplesmente, são diferentes.

Para um brasileiro, fatores como “estar em grupo”, “fazer barulho”, “falar enquanto come”, “vestir-se a vontade”, “mostrar carinho através de beijos, toques e abraços”, e muitos outros hábitos fazem parte da cultura dele, mas não é necessariamente parte da cultura de outros povos. Em alguns países, é comum falar gritando ao outro, e não significa briga ou desrespeito. No Japão, por exemplo, as ordens de chefes são passadas, geralmente, com rispidez, e devem ser respondidas somente com um “sim”... Já imaginou o brasileiro: “mas... chefinho... será que não dá pra fazer de outro jeito?”.
Fato é que, se queremos tornarmos adaptados rapidamente, é importante entender, valorizar e até assumir parte da cultura local. Pessoas diferentes, instintivamente, provocam receio nos outros. O ser humano busca “os iguais”, aqueles que aparentemente não causariam perigo. Por isso que, quando vemos na rua alguém muito esquisito, vestido de forma estranha e agindo de forma não comum, a tendência é nos afastar: a mente humana está programada para proteger o próprio corpo! Isso é muito interessante e é assim no mundo inteiro!
A regra básica é: quem se adapta ao país do outro é o imigrante – não o contrário. Pode parecer simples, mas quando estamos lá no meio de gente estranha com língua esquisita, e percebemos que eles não entendem e não aceitam nossos hábitos (nossos programas mentais) e nós nos sentimos confrontados com os hábitos deles – e isso provoca medo, a coisa pode não ser tão simples.
A boa notícia é que podemos instalar, desinstalar e reinstalar programas na nossa cabeça, na hora que quisermos, do jeito que acharmos melhor!
Abraços (aos brasileiros). Reverências (aos japoneses) Beijo na bochecha (aos russos)!


quinta-feira, 17 de janeiro de 2008

A minha volta


Estávamos em julho de 94, mais precisamente, 22 de julho. Três anos de trabalho ininterrupto, sem férias, eu queria mais era chegar ao Brasil, ver a Copa e, se Deus quizesse (Ele quis!), comemorar o tetra com os amigos, muita cerveja, rouquidão e ressaca.
Meu vôo era da Korean Air Lines, mais barato, com duas escalas aprazíveis na Coréia (báh!), cinco horas de espera, depois Los Angeles e, Brasil! A primeira coisa que reparei quando entrei no avião, como sempre faço, foi nas aeromoças. Bonitas, as coreanas também tinham um corpo, digamos, mais cheio do que as japonesas, o rosto, oriental, é claro, tinham outras características que só aprendemos a distinguir quando convivemos muito tempo entre asiáticos. Esta história que japonês é tudo igual, coreanos, chineses, vietnamitas, etc. são a mesma coisa, é para ocidental mau observador. Entre um bem-vindo e outro, fui procurando meu assento na classe econômica, completamente lotada. Coreanos, alguns americanos e vários brasileiros dividiam democraticamente cada espaço, preparando-se para a viagem de 25 horas ou mais.
Qual não foi minha surpresa ao descobrir que o meu lugar estava ocupado. Gentilmente, solicitei à senhora loira que caísse fora, porque eu queria sentar e descansar um pouco, após tanta correria. Corinne, era este o nome da peça, não quiz sair. Americana de Cornejo Valley, Califórnia, psicóloga escolar, presumíveis 55 anos, desgastada pelo tempo, falava pelos cotovelos. Tal qual uma vendedora dessas bem chatas, explicou-me não haver diferença entre eu sentar no lugar que deveria ser meu ou sentar ao seu lado, bater um papo, conhecer as suas mil e uma aventuras, tomar uma cerveja e curtir a viagem. Acabou me convencendo - eu já não tinha saco para ficar discutindo e, além disso, porque deveria brigar para ficar no meu assento, quando poderia ficar ao seu lado, bater um papo, conhecer as suas mil e uma aventuras, tomar uma cerveja e curtir a viagem? Num inglês sofrível, fui me virando, explicando um pouco da minha vida mas, sobretudo, perguntando sobre a vida dela.
- Já fui à África, Japão duas vezes, alguns países da Ásia também, Índia...
- E o que você fazia nestes países?
- Eu gosto de conhecer o mundo, culturas diferentes, é uma terapia para mim.
- Vai ficar em Los Angeles?
- Não, vou ao Brasil.
- É a primeira vez?
- Não, estou indo pela segunda vez. Tenho uns amigos em São Paulo e vou aproveitar para passear.
O papo ia rolando, ela não parava de falar, pra descontrair um pouco mais resolvi pedir uma cerveja. Quem me atendeu foi uma comissária lindíssima, morena, um corpo perfeito, sorriso permanente e hipnótico, pele ligeiramente bronzeada, um T.
- Can I help you?
Será que ela é brasileira? Vamos testar.
- Eu quero uma cerveja.
- Ah, você é brasileiro?, perguntou com uma simpatia que fazia estremecer os botões da calça.
A partir deste momento, periodicamente, mesmo sem eu pedir, ela ia abastecendo meu organismo de álcool, infelizmente, com as aguadas cervejas americanas. Corine gostou da idéia. Demonstrando ou querendo demonstrar um refinamento especial, pedia somente vinho branco. Oba, uma companheira de copo! Que nada! Enquanto eu tomava uma lata de cerveja, ela matava duas taças de vinho e desandava a falar mais e mais. Várias doses após, começou a falar enrolado, mas aguentava firme. Dorme, condenada! Ela não dormia. A solução foi eu fingir que estava dormindo, uma maneira de dar um descanso aos meus pobres ouvidos. Meu estratagema deu resultado: fingi tanto que acabei adormecendo.
Entre acordar, dormir, ir ao banheiro e pedir cervejas, o tempo passou rapidamente, até Los Angeles. Nesta cidade desembarcaram várias pessoas, como também embarcaram muitas outras. Mais brasileiros invadiram o avião, desta vez compatriotas que se aventuravam nos States. Ao meu lado sentou-se um tal de Miro, médico recém-formado, premiado pelo pai com uma viagem para os Estados Unidos, um mês em homenagem ao seu diploma.
Contou-me que cruzara os Estados Unidos de leste a oeste, Oceano Atlântico até Oceano Pacífico, dentro de um carro, parando nas várias cidades do caminho.
- E não foi caro?, perguntei, procurando sondar as suas fontes de renda.
- É verdade, saiu um pouco caro, tanto é que acabou o dinheiro na metade da viagem.
- E como você fez?
- A minha sorte foi o meu tio ter deixado seu cartão de crédito comigo, gastei a maior grana.
Percebi qual era a situação do meu conterrâneo. Não que ter família rica seja mal, pelo contrário, o problema é constatar a desigualdade gritante existente entre as diversas classes sociais da nossa pátria, uns deitados eternamente em berço esplêndido e outros desafiando o peito a própria morte. O vírus esquerdista que havia me picado na adolescência não me abandonara após minha jornada num país de primeiro-mundo, onde, apesar do estilo de vida ser em grande parte contrário aos meus princípios de liberdade, trabalho, lazer, vida enfim, possibilita uma coisa praticamente esquecida em grande parte do mundo: o direito de vivermos razoavelmente bem com o dinheiro conquistado pelo nosso trabalho.
Corinne não estava interessada em filosofia, proletariado, Marx, Smith, nada. Seu objetivo exclusivo era me atazanar a paciência. Depois de trocentas taças de vinho, ela agora falava pelos dois cotovelos, estava insuportável. O cúmulo foi quando ela começou a me agarrar. Se fosse a gatíssima da aeromoça brasileira, tudo bem, não haveria problemas, afinal de contas eu também sou humano, mas uma velha cachaceira, dizendo-me kiss-me, kiss-me, sai pra lá, jaburu! A minha sorte foi ter aparecido mais pessoas em nosso grupo internacional, todos admirados com a facilidade com que conseguíamos cerveja, sempre em maior quantidade que a necessária. Alguns brasileiros, um americano surfista, encantado com a beleza da sua namorada tupiniquim, pois resolvera trocar as ondas da Califórnia pelas de Santa Catarina e, lógico, ficar com sua deusa, no total eram mais pessoas que o número de assentos. Solução: vamos todos sentar no chão. Ufa! Me desvencilhei da gringa e ainda por cima poderia desfrutar da beleza encantadora da jovem comissária. Pode parecer estranho esta minha fascinação, afinal o Brasil é um país privilegiado em termos de mulheres. No entanto, pense bem: três anos no Japão, convivendo com japonesas que não satisfazem meu conceito de beleza, algumas brasileiras bonitas, mas a maioria descendente, enfim, estava na carência das nossas fogosas e gostosas morenas.
A perspectiva de pisar em nossa terra me deixava agitado e me impediu de dormir. Além disso, o papo estava animado, nós todos esparramados pelo corredor do Boing 747, impedindo a passagem das pessoas que procuravam os banheiros, bem ao nosso lado, tudo é festa onde há brasileiros. Em certo ponto, havia o receio de estranhar o rítmo de vida, a violência, o trânsito, a poluição, o desemprego, a inflação, porém nada disso importava no momento.
- Mais uma cerveja!
- Duas!
- Três!
- Muitas!
A aeromoça trazia cervejas numa bandeja, geralmente destinada às refeições e, ainda por cima, servia amendoins, batatas fritas e outros salgadinhos, sempre preocupada com o nosso bem-estar, mesmo isto representando o mal-estar dos outros quatrocentos passageiros.
Eram sete e pouco da manhã quando o avião começou a fazer a aproximação. Guarulhos não mudara muito: favelas próximas ao aeroporto, o Bairro da Pimenta continuava no mesmo lugar, a terra meio avermelhada não mudara de cor, casas a se perder de vista, o nevoeiro em dissipação ainda encobria aqui e acolá. Rodamos, rodamos e rodamos o aeroporto até eu ouvir aquele som sempre causador de um ligeiro estremecimento no meu estômago, o som das rodas tocando a pista. Na maior parte das vezes, o estremecimento é o temor de algum acidente, porém, naquele instante, era de alegria, intensa alegria. É indescritível a sensação de regressarmos ao país que aprendemos a amar, principalmente depois de alguns anos distante, longe de fatos marcantes para a história nacional, como a queda do presidente escorraçado, a morte do Senna, mais uma mudança de moeda, a chacina do Carandiru e da Candelária, a intensa mobilização da Campanha pela Cidadania, tudo isto acompanhado de muito longe.
Vou bater na mesma tecla do lugar-comum: a saudade mesmo era do calor-humano do povo brasileiro. Poucos minutos após o desembarque pude atestar tal adjetivo. Fui cordialmente recepcionado pela Polícia Federal encarregada da Alfândega, como é de praxe, diga-se de passagem, e após duas horas, fui liberado. Agradeci gentilmente a cortesia e ainda por cima colaborei com a campanha em prol dos meninos carentes do principado de Mônaco, deixando a razoável quantia de quinhentos dólares. Tudo pelo social, pensei.
Isto é Brasil, mas eu não troco por nada.
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segunda-feira, 14 de janeiro de 2008

Discriminação ou hábitos diferentes?


Lá pelos idos dos anos 90, época do glorioso plano real, que me deu um tiro no pé ao equiparar o dólar com o real, eu morava no Japão. País curioso, pequeno, com alto índice demográfico, terra natal de meus avós maternos. Na época, cerca de 140 mil brasileiros habitavam o país do sol nascente, em busca de guardar uma graninha e fazer o seu pé-de-meia. Eu era um deles, embora estivesse também buscando um caminho pessoal de auto-conhecimento, uma espécie de busca interior.
Muitos dos meus colegas reclamavam de discriminação. Sentiam-se ofendidos profundamente porque, muitas vezes, os japoneses não olhavam na nossa cara. Era comum um morador da cidade, ao ver estrangeiros, atravessar a rua para não cruzar do mesmo lado. Também já tive a oportunidade de ser seguido por seguranças durante todo o período que estivemos dentro de um shopping.

Mas tudo tem dois lados. Os mesmos colegas que reclamavam da discriminação, não viam que os hábitos brasileiros, algumas vezes, ofendiam profundamente a população local. Por exemplo, beijos em público, lá é considerado imoral, principalmente nas cidades do interior. Diziam: ah, mas beijar é normal! Sim, claro, normal para nós, brasileiros – mas não para os japoneses! Da mesma forma, andar hoje com uma latinha de cerveja na mão, em São Paulo, é normal; porém, andar com bebida aparente nos Estados Unidos é crime.
Outra coisa que perturbava muito os nipônicos era o nosso costume de se reunir em grandes grupos, beber e conversar em volume de voz muito alto, isto quando não rolava um sonzinho... O japonês fala pouco e fala baixo. E quando permite-se falar alto e ficar bêbado, é em ambientes apropriados, que eles chamam de sunako, e também nos karaokês. Outra coisa que dava briga: não saber separar os lixos. Vi até protesto de lixeiros japoneses, recusando-se a recolher o lixo de casas e prédios onde haviam brasileiros.

Uma coisa é certa: de certa forma, os japoneses desejavam hóspedes que se comportassem exatamente como eles... e isto é impossível. E por outro lado, muitos brasileiros agiam como se estivessem no Brasil, portando-se como um visitante inconveniente, provocando retaliações. Falar a verdade, nunca vi discriminação que beirasse à xenofobia, como se verificou recentemente com os africanos na França, ou como ocorre com alguns grupos minoritários que são atacados na Alemanha. E mesmo nestes países onde existem grupos de extrema-direita mais radicais, com certeza é possível viver, trabalhar, educar-se e aprender com a cultura local. Em todos os lugares é possível conhecer pessoas simpáticas, agradáveis, gentis. E em todos os lugares também podem ocorrer problemas.
No meu trabalho de consultoria, gosto sempre de enfatizar aos clientes a necessidade de se focar naquilo que se quer, nas metas, nos projetos, nos sonhos. O foco nos problemas – muitas vezes amplificados por crenças distorcidas e irreais – só leva à perda de energia e preocupações desnecessárias. Em programação neurolingüística existe um pressuposto que diz: se é possível para um, é possível para todos. Gosto muito desta frase e acredito plenamente nela! Se um único estrangeiro consegue se adaptar num lugar estranho, qualquer um é capaz. É nisso que devemos nos focar!
Abraços!


sexta-feira, 11 de janeiro de 2008

Uma pílula de eumebancol!


Lembro-me como o sentimento de orgulho pelo Brasil fica quintuplicado, quando morei no exterior. Cada bandeira brasileira tremulando num canto qualquer provocava lágrimas nos olhos. O hino nacional, então, nem se fala! Somente fora valorizamos o país sensacional e maravilhoso que temos.
Mas... daí... voltamos. E... o que acontece? Entramos no papo dos brasileiros que aqui estão: o país não presta, só tem corrupto, isso aqui nunca vai dar certo, sem jeitinho não anda... Sabe, amigo, amiga: isso é papo de gente derrotada. Pessoas que não confiam em si. Quando estamos no exterior, só podemos confiar em nós mesmos. As circunstâncias não são as melhores para nós, brazukas: língua estranha, cultura muitas vezes incompreensível, hábitos esquisitos, discriminação, trabalho duro, clima complicado, distância, saudade, medo, emoções a flor da pele... e sobrevivemos! Com muita raça, com muita vontade, passando por cima de tudo, porque, afinal, não tem outra alternativa.
Mas ao chegar no Brasil, parece que nos aplicam uma injeção dupla de conformol e reclamol. E aquele remédio que é útil no exterior e também no nosso país fica esquecido na prateleira: eumevirol e eumebancol! Convenhamos: governo nenhum pode levar a gente no colo. Minha esposa é alemã, e o sistema social da deutchland é coisa de babar. Mas... ta duro pro governo manter um monte de carinha encostado nas barbas do serviço social. Uma amiga da minha mulher vive somente da ajuda social: paga aluguel, não faz nada, enrola quando o governo indica trabalhos e cursos para ela fazer, viaja todo ano para a América do Sul, ta com mais de trinta anos de idade...
Não quero dizer que serviço social é ruim, nem que o descaso no Brasil é uma maravilha. Falo sempre em relação ao que motiva as pessoas, o que levanta a auto-estima, e esmola não levanta auto-estima de ninguém.
Vou ser bem claro: no dia que colocamos na cabeça que, se não der certo aquilo que eu quero, o governo, a assistência social, a aposentadoria ou seja lá o que for me bancará, acabou! Estou ferrado! No fundo, a amanhã não existe, não tem nenhum sentido, se eu não estou fazendo tudo o que posso agora. Seja no exterior, seja no Brasil. E esta é a única coisa a ser feita. Garantia de sucesso? Bem, não temos garantia nem de que estaremos vivos nos próximos minutos. A única garantia que podemos ter é que, pelo menos, estes minutos estão sendo vividos no máximo da minha potencialidade. Se os céus permitirem que eu viva muito, imagine o que será da minha vida, vivida no máximo cada minuto? Será que não vai ser um sucesso?
Abraços!

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quinta-feira, 10 de janeiro de 2008

Ir pro exterior? Pra quê?


Você está pensando em sair do Brasil? Já saiu? E como é esta sensação de largar o seu país? Qual a motivação que leva você?
Acho que é lógico que a maior delas é a parte financeira: ganha-se muito melhor no exterior que no Brasil. Tem gente que também vai pra estudar, se aperfeiçoar, aprender uma língua ou, simplesmente, viver uma aventura!
Como tudo na vida, você deve ter uma forte razão para decidir os rumos que tomará, ainda mais no caso de uma decisão que envolve deixar o país, amigos, família, hábitos, lugares conhecidos, por um outro completamente estranho. Que tal organizar um pouco as idéias? Tanto você que quer ir para fora, como para quem já está no exterior, deve estar bem claro o que você quer conquistar. E isso se faz com algumas perguntas-chave, que é bom responder:

1 – O que eu quero conquistar fora? (foque-se na conquista, não nos problemas)
2 – Quanto quero ganhar? (chute o mais alto possível)
3 – Quanto tempo quero ficar? (ou até: quanto tempo agüento ficar?)
4 – Quanto dinheiro vou trazer do exterior?
5 – O que estou disposto a me arriscar para conseguir este dinheiro?
6 – Quais atitudes que possuo me apóiam nos meus objetivos?
7 – Quais atitudes preciso trabalhar melhor em mim?
8 – Sei a língua do país? Quero saber? Em quanto tempo?
9 – O que pode fazer eu mudar de idéia e abandonar meus planos?
10 – O quanto estou disposto a manter meus objetivos?
11 – O que posso fazer para tornar a saudade menos aguda?
12 – O que faço para fortalecer o meu lado emocional? O que estou disposto a fazer?
13 – Quem são as pessoas que me dão força? Como vou estar em contato com elas?
14 – Quem são as pessoas que me perturbam? Como vou deixá-las a uma distância que não me atrapalhe?

Todo planejamento passa por escrever. E um bom planejamento se faz com muitas perguntas. A pessoa sábia é aquela que não tem medo de perguntar nem aos outros, nem a si mesmo. A pessoa limitada é aquela que só tem certezas. No exterior, muitas das nossas certezas caem por terra abaixo. Por isso, saber lidar com a incerteza, questionando bastante e aceitando as dúvidas como realidade, ajuda fundamentalmente o estrangeiro a viver melhor num país estranho. Até a próxima!

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quarta-feira, 9 de janeiro de 2008

Bem-vindo, brazuka!

É com muito prazer que inicio este papo com você. Um dia eu estive aí fora, e sei a barra que é isso. Saudade, uma discriminaçãozinha aqui e ali, economizar, não entender o povo, não ser entendido. Mas o legal é que você sai muito mais forte desse experiência.
Eu saí. Convivo com um monte de gente que também cresceu muito, mas muito mesmo, aí no exterior. E voltaram. E fizeram a vida. E criaram família, montaram negócios. As vezes deu certo, outras vezes não, como tudo na vida. Só com um detalhe: o cara que viveu fora do país fica escolado, calejado, tá pronto para o que der e vier, e enfrenta com o peito erguido todos os pepinos que ocorrem na volta.
Sabe qual o meu objetivo, com este blog? Dar pra você dicas, motivação, esperança, humor, um papinho de quem esteve aí e está aqui, e hoje trabalha como consultor e coach de desenvolvimento pessoal! Muito do que faço hoje, aprendi aí fora! O resto, é vida! Abraços!